Hipospádia

O que é hipospádia ? 
É uma malformação congênita, caracterizada pela abertura anormal do orifício por onde sai a urina (meato uretral), em diferentes locais na parte de baixo do pênis ( face ventral do pênis) , ou mais raramente na bolsa escrotal.
Na maioria dos casos é acompanhada por uma alteração da pele (prepúcio) que recobre a glande (cabeça do pênis), sendo que o prepúcio passa a ter o formato de um capuz.
Em alguns casos, ao ficar ereto o pênis apresenta curvatura para baixo, em direção à bolsa escrotal.

 

Com que frequência ocorre ?
  A incidência varia de 1:300 a 500 nascimentos no sexo masculino ( afecção círúrgica bastante comum em nossa prática diária ) .
Dentre os meninos que nascem com hipospádia 75% deles terão as formas distais, cujo tratamento cirúrgico é menos complicado, com maior probabilidade de sucesso na primeira cirurgia.
Em 12 a 20% dos pacientes temos antecedentes familiares de hipospádia.
Aproximadamente 10% dos meninos com hipospádia também terão testículos fora da bolsa escrotal (criptorquidia), necessitando investigação diagnóstica e tratamento cirúrgico. Também é freqüente a ocorrência de hérnias inguinais.

 

Qual é a causa da hipospádia ? 
Esta malformação ocorre por múltiplos fatores, podendo ser genético e/ou hormonal (exemplo: deficiência da enzima “5-alfa-redutase”, ou deficiência de receptores hormonais a nível celular do pênis). Admite-se uma etiologia multifatorial (fatores genéticos, hormonais e ambientais) dando origem a hipospádia.

 

Entendendo o que aconteceu de errado 
Em resumo, durante o desenvolvimento embriológico, houve uma fusão incompleta das pregas uretrais (falha na formação do tecido que dá origem ao meato uretral  – orifício por onde sai a urina) , ocorrendo abertura anormal da uretra ao longo da face ventral do pênis (ou seja, o orifício por onde sai a urina pode se localizar em vários locais na parte de baixo do pênis e até mesmo na bolsa escrotal, nos casos mais graves).

 

Se nós tivermos outro filho, qual é a chance de ele também nascer com hipospádia ? 
A possibilidade de outro irmão vir a ter hipospádia pode ser de até 30 vezes maior do que na população em geral.

 

Classificação do defeito :
A classificação anatômica é feita de acordo com a posição do meato em relação à glande. Basicamente existem três categorias abrangentes :

Distais (70 %) :
– glandar : meato localiza-se proximal ao vértice da glande
– coronal : meato abre-se ao nível do sulco balano-prepucial

Médio penianas (20 %) :
– subcoronal
– médio peniano
– peno-escrotal

Proximais (10 %) :
– interescrotal
– perineal

As figuras abaixo facilitam o entendimento da classificação das hipospádias .

 

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A hipospádia é apenas um problema estético ?
NÃO ! A HIPOSPÁDIA NÃO É APENAS UM PROBLEMA ESTÉTICO !
A deformidade peniana e a necessidade de urinar sentada podem gerar graves distúrbios psicológicos durante o processo de socialização dessa criança , além de causar desconforto e constrangimento para pacientes e seus familiares.

 

Qual o tratamento considerado ideal para hipospádia ?
O tratamento começa logo após o nascimento, evitando a circuncisão, pois o prepúcio (pele que recobre o pênis) é essencial para a reconstrução do pênis. Em alguns casos selecionados há necessidade de tratamento hormonal pré-operatório.
A  tendência atual é operar preferencialmente entre os 6 meses e 1 ano de idade, diminuindo o risco de trauma emocional.
Esta correção cirúrgica é tecnicamente difícil e exige destreza e experiência por parte do cirurgião. Existem mais de 300 técnicas cirúrgicas descritas para correção das diversas variantes de hipospádia.  A escolha da técnica mais adequada dependerá do tipo de hipospádia e da experiência do cirurgião, sempre visando os seguintes objetivos:
– Micção normal em posição ortostática com jato urinário reto e uniforme (permitir que o paciente consiga urinar de pé).
– Função sexual normal com ereção em linha reta e adequada, permitindo a capacidade reprodutora (permitir que o paciente tenha, no futuro, uma vida sexual normal, tendo a capacidade de reproduzir-se).
– Melhora estética da aparência do pênis.
Para prevenir o desenvolvimento de distúrbios psicológicos , a hipospádia deve estar corrigida antes da idade escolar.

 

E depois da cirurgia, o que acontece ?
Nos casos de hipospádia mais simples (aquelas chamadas ¨distais¨) , as crianças terão alta no mesmo dia ou no dia seguinte da operação, não havendo a necessidade de sonda vesical .
Aquelas hipospádias mais complexas (chamadas ¨médio-penianas¨ e ¨proximais¨) necessitam de internação hospitalar mais prolongada e uso de sonda vesical por um período que varia de 7 a 10 dias (em geral) .

 

Quais são as complicações do tratamento cirúrgico ? 
A  incidência das complicações cirúrgicas dependem do tipo de hipospádia encontrada e da técnica operatória utilizada.
Para descrever a hipospádia, aquele famoso jargão é perfeito: ¨CADA CASO É UM CASO ¨.
Os pacientes devem ser avaliados individualmente .A técnica que funcionou perfeitamente para um paciente, pode não ter efeito para outro.  Alguns pacientes têm seu problema resolvido com apenas 1 cirurgia, enquanto outros vão necessitar de inúmeros procedimentos cirúrgicos para correção completa do defeito.
Os principais problemas a serem enfrentados no pós-operatório são : sangramento, infecção, necrose de retalhos cutâneos, fístulas, estenose de uretra, entre outros.

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As informações aqui contidas são exclusivamente para orientação inicial de pais e pacientes, baseando-se nas perguntas mais frequentes sobre doenças que podem necessitar de tratamento cirúrgico na infância.
NÃO SUBSTITUEM A CONSULTA MÉDICA . Consulte sempre um CIRURGIÃO PEDIÁTRICO para maiores informações.