As patologias adquiridas da região anorretal merecem destaque pela sua variabilidade e frequência na prática pediátrica diária.
FISSURA ANAL
O que é ?
Corresponde a pequena escoriação do canal anal proveniente, na maior parte das vezes, do trauma causado pela passagem de fezes endurecidas.
Ocorre em crianças obstipadas ou que tiveram alteração da fórmula do leite.
O que leva a fissura anal ?
É um ciclo vicioso.
A obstipação intestinal gera fezes endurecidas, que leva a formação de fissura anal (lesão do canal anal). A fissura anal leva a dor, hipertonia do esfincter interno do ânus e mais retenção de fezes, começando todo o ciclo novamente.
Quais são as manifestações clínicas da fissura anal ?
Os sintomas mais comuns são o sangramento anal, dor à evacuação e constipação intestinal, sobretudo em lactentes.
No exame físico temos lesões ulceradas, rasas ou profundas. Em geral localizam-se na região média posterior, podendo observar pequena prega cutânea que a acompanha conhecida como plicoma sentinela.
O aparecimento de fissuras múltiplas, ou de fissura peri-anal em crianças maiores ou adolescentes, pode ser devido a uma patologia específica como doença de Crohn, retocolite ulcerativa, tuberculose, …
Qual é o tratamento da fissura anal ?
O tratamento é clínico e consiste em dieta laxativa, assim como uso de medicamentos
(laxativos, supositório, pomadas anestésicas ,…).
No insucesso do tratamento clínico, indica-se a cirurgia, esfincterotomia interna, que corresponde à secção de fibras do músculo esfíncter interno do ânus, associada ou não à fissurectomia.
ABSCESSO E FÍSTULA PERI-ANAL
ABSCESSO PERI-ANAL
O que é ?
Consiste em abaulamento da região peri-anal (abscesso), por infecção local.
Mais comum em meninos.
O que leva ao abscesso peri-anal ?
A etiologia mais aceita é a infecção da cripta anal, obstrução das glândulas perianais e propagação do processo infeccioso através dos vasos sanguíneos e linfáticos.
Quais são as manifestações clínicas do abscesso peri-anal ?
Na presença do abscesso peri-anal observamos dor local, principalmente à evacuação, febre, seguido da presença de tumoração hiperemiada, quente e dolorosa que pode ou não apresentar flutuação.
Qual o tratamento do abscesso peri-anal ?
O tratamento inicial é clínico, com administração de antibióticos, analgésicos e a realização de calor local ( banhos de assento ).
Na presença de flutuação ao exame físico, estará indicada a drenagem cirúrgica.
FÍSTULA PERI-ANAL
O que é ?
É uma complicação do abscesso peri-anal.
Consiste numa comunicação anômala entre a mucosa do canal anal e a pele adjacente.
Nos pacientes que desenvolvem fístula peri-anal, mesmo após a a resolução do abscesso, pode continuar drenando secreção purulenta por orifício(s) peri-anais. Pode ocorrer ainda a recidiva do abscesso peri-anal.
Quais são as manifestações clínicas da fístula peri-anal ?
Abscessos peri-anais de repetição.
Presença de orifício na região peri-anal (orifício fistuloso) .
Qual é o tratamento da fístula peri-anal ?
O tratamento é sempre cirúrgico, fistulectomia, e consiste na ressecção de todo trajeto fistuloso, mantendo o leito da fístula aberto, permitindo uma cicatrização por segunda intenção.
Nos pacientes com abscesso peri-anal, no momento da drenagem cirúrgica, deve-se sempre procurar a presença de fístula peri-anal e ressecá-la.
Quais são as complicações da fístula peri-anal ?
As recidivas do quadro são relativamente frequentes.
A incontinência fecal ocorre por conta de tratamento inadequado ou fístulas complexas que levam à grande destruição do complexo esficteriano.
PROLAPSO RETAL
O que é ?
Prolapso retal constitui na herniação da mucosa retal pelo interior do canal anal (“é quando o intestino, no caso o reto, sai para fora”) .
Ocorre mais comumente em crianças entre 1 e 3 anos de idade e relaciona-se à desnutrição, constipação, verminose, diarreia, …
Maus hábitos, como o de deixar a criança sentada no vaso sanitário por longos períodos, esforçando-se para evacuar, favorecem o aparecimento do prolapso retal.
Damos o nome de procidência retal quando ocorre herniação de todas as camadas do reto.
Quais são as manifestações clínicas do prolapso retal ?
Os pais observam a presença de tumoração avermelhada, exeteriorizada por toda a circunferência do canal anal (“é comum eles dizerem que o intestino da criança saiu para fora do bumbum”). A mucosa apresenta-se bastante friável, sangrando espontaneamente ou à manipulação.
Qual é o tratamento do prolapso retal ?
Consiste no tratamento dos fatores desencadeantes : desnutrição, diarreia, verminoses. Em geral é suficiente para correção do quadro.
No insucesso do tratamento clínico, indica-se a cirurgia e suas diversas modalidades :
– Injeção de substâncias esclerosantes
– Cerclagem peri-anal
– Promonto-fixação do reto por laparotomia ou por via sagital posterior ou por videolaparoscopia
PÓLIPO RETAL
O que é ?
Também chamados de pólipos juvenis ou inflamatórios.São tumores benignos do reto. Não apresentam tendência à transformação maligna. São únicos, localizam-se preferencialmente no reto e sigmoide e correspondem a 90% dos pólipos em pacientes com menos de 10 anos.São mais frequentes no sexo masculino e apresentam pico de incidência por volta dos 4 anos de idade.
Quais são as manifestações clínicas do pólipo retal ?
Sangramento retal, de caráter intermitente, havendo eliminação de sangue escuro, vivo, puro ou misturado com as fezes.
Como é feito o diagnóstico do pólipo retal ?
O diagnóstico pode ser feito pela história, exame físico e proctológico, colonoscopia e radiografia contrastada.
Qual é o tratamento do pólipo retal ?
Consiste na polipectomia (retirada do pólipo), que pode ser realizada através de anuscopia, retoscopia, sigmoidoscopia ou mesmo colonoscopia (dependendo da localização do pólipo).Após a retirada do pólipo, é essencial a realização de exame anatomo-patológico para fazer a diferenciação com outras doenças de caráter maligno.
As informações aqui contidas são exclusivamente para orientação inicial de pais e pacientes, baseando-se nas perguntas mais frequentes sobre doenças que podem necessitar de tratamento cirúrgico na infância.
NÃO SUBSTITUEM A CONSULTA MÉDICA. Consulte sempre um CIRURGIÃO PEDIÁTRICO para maiores informações.