Hérnia Inguinal

O que é a hérnia inguinal ? 
A hérnia inguinal da criança se faz pela persistência do conduto peritônio-vaginal (canal que comunica o abdome com a região inguinal e inguino-escrotal). É conhecida como hérnia inguinal indireta. Difere da hérnia inguinal do adulto, resultante da fraqueza da parede posterior do canal inguinal.

 

A hérnia inguinal é comum ?
  A hérnia inguinal é vista com bastante frequência . Acomete 3 % das crianças nascidas a termo (ou seja, aquelas que não são prematuras) e este índice aumenta para 8 % nas prematuras.
Acometem preferencialmente o lado direito, mas podem ser bilaterais.
Os meninos são mais comumente afetados do que as meninas, na proporção de 9 : 1.

 

Qual é a causa da hérnia inguinal ? 
Vou explicar primeiro o que ocorre nos meninos. Fica mais fácil de entender.
Durante a gravidez, na formação intra-uterina dos genitais masculinos, os testículos são formadas dentro do abdome (“barriga”) da criança  e eles vão descendo, até que no 7º ou 8º mês forma-se um “túnel” para que os testículos passem pela região inguinal (“virilha”)  e cheguem até a bolsa escrotal (“saquinho”) . Este canal deve cicatrizar e desaparecer até o nascimento  e se isto não acontecer , este túnel fica aberto e permite a passagem das estruturas do abdome para a região inguino-escrotal  (ou seja, o intestino pode ocupar o “saquinho” da criança).
Nas meninas este “túnel” se forma para permitir a passagem do ligamento redondo (um dos mecanismos de fixação do útero) em direção aos grandes lábios.

 

Quais são as manifestações clínicas da hérnia inguinal ?
É descrita pelos pais como uma bolinha na virilha da criança ou, nos casos dos meninos, como bolinha no saquinho. Geralmente notado pelos pais ou pediatra da criança, tornando-se mais evidente na presença de esforços (choro, tosse, grito, espirro, evacuação,… ). É comum as mães relatarem a presença da hérnia durante o banho ou durante a troca de fralda dos filhos .

 

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A hérnia inguinal pode complicar ? De que forma ?
  A hérnia inguinal pode encarcerar , ou seja, ficar presa. É quando as alças intestinais entram dentro daquele canal que liga o abdome à região inguinal e ficam presas, podendo ocorrer sofrimento vascular e necrose das mesmas (o intestino pode tornar-se inviável, “apodrecer”) .
No sexo masculino o conteúdo encarcerado mais frequentemente é o intestino delgado. Além da possibilidade de necrose intestinal, a alça herniada pode comprimir o cordão espermático e provocar sofrimento vascular do testículo, inclusive com sua necrose (quando um menino apresenta hérnia inguinal encarcerada, esta hérnia pode impedir que chegue sangue no testículo, levando até mesmo a perda do testículo !) .
No sexo feminino é o ovário que encarcera na maioria das vezes (quando uma menina apresenta hérnia inguinal encarcerada, esta hérnia pode impedir que chegue sangue no ovário, levando a perda do ovário !).
Trata-se de uma emergência médica ! O cirurgião pediátrico , nestes casos, tentará reduzir a hérnia (tentar colocá-la para dentro novamente) , através de manobra manual. Na impossibilidade da redução, a cirurgia estará indicada. Nos quadros de hérnia encarcerada, o risco cirúrgico e o risco anestésico aumentam, assim como a possibilidade de desenvolvimento de sequelas.

 

Como eu sei que a hérnia inguinal do meu filho está encarcerada ?
  O primeiro sinal é a dor intensa, contínua, seguida por vômitos, febre e a criança para de evacuar. Ao olhar para o abaulamento na “virilha”, você notará que ele está maior, mais avermelhado e brilhante (pelo edema –  “ ïnchaço”)  e ao tocar nele a dor aumenta. Você também observará que a “bolinha da virilha” NÃO DESAPARECE, nem mesmo quando a criança está quieta .
Se isto acontecer não dê mais alimentos para a criança e leve-a imediatamente a um Pronto Socorro Pediátrico ou ao Cirurgião Pediátrico de sua confiança.

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Por que eu preciso operar a hérnia inguinal ?
A cirurgia está indicada a todos os casos quando feito o diagnóstico .
HÉRNIA DIAGNOSTICADA = HÉRNIA OPERADA !
Por quê ?
– Principalmente pelo risco de encarceramento e estrangulamento da hérnia . Setenta por cento (70 %) dos encarceramentos ocorrem nos primeiros 12 meses de vida.
– A hérnia NÃO DESAPARECE sem a cirurgia !

 

Como é feita a cirurgia de hérnia inguinal ? 
O tratamento consiste na dissecção, ligadura e ressecção do conduto peritônio-vaginal  (saco herniário) ao nível do anel inguinal profundo, procedimento conhecido como herniorrafia inguinal .
  A herniorrafia inguinal é feita através de um pequeno corte (varia de 1 – 2 cm) na virilha. Ao encontrarmos a hérnia , ressecamos a mesma e derta forma corrigimos o defeito. A recidiva da hérnia em crianças é muito pequena (varia de 0,5 a 1 %) , ou seja, um vez operada a criança está curada (diferente da hérnia do adulto, onde por vezes são necessárias várias cirurgias para correção da hérnia, por conta das recidivas do quadro).
A indicação eletiva da herniorrafia inguinal permite que a criança seja operada no regime de “hospital-dia”, recebendo alta no mesmo dia. Entretanto, recém-nascidos prematuros com menos de 44 semanas corrigidas, devem permanecer internados por 24 horas, mesmo em indicação eletiva, pelo risco de desenvolverem apnéia (recém- nascidos prematuros podem ter dificuldade para respirar, pois os pulmões ainda não estão maduros o suficiente ao nascimento,  necessitando de observação clínica cuidadosa).
As complicações pós-operatórias são INCOMUNS. Pode ocorrer recidiva da hérnia, infecção de ferida operatória, edema e hematoma em região inguinal (ocorrem em menos de 1% dos casos).

VARIANTES DA HÉRNIA INGUINAL

 

HIDROCELE

 

O que é ?
Corresponde à presença de líquido no interior da túnica vaginal (“líquido no saquinho”).

 

Quais são os tipos de hidrocele ?

Hidrocele comunicante :
Neste tipo de hidrocele o abaulamento da região escrotal é cístico e caracteriza-se pela variação de volume identificada sem dificuldades pelos pais (os pais dizem o saquinho da criança fica cheio e depois vazio) .
Aqui impõe-se o tratamento cirúrgico ao diagnóstico, à semelhança da hérnia inguinoescrotal.

 

Hidrocele não-comunicante :
Aumento da bolsa testicular, de consistência cística, cujo volume não varia ao longo do dia (os pais referem que o saquinho está sempre cheio, do mesmo tamanho).
Nestes casos a conduta pode ser expectante até o 6° mês de vida, pois o líquido pode ser reabsorvido pelo organismo.

                                                                                                                                                                                                                                              CISTO DE CORDÃO

 

O que é ?
Abaulamento cístico de limites definidos que não varia de volume à manipulação, localizada no canal inguinal ou em suas proximidades.
O correspondente no sexo feminino chama-se de cisto de Nuck que corresponde a uma tumoração cística no canal inguinal, com as mesmas características do cisto de cordão.
O tratamento é cirúrgico ao diagnóstico. Pode ter indicação cirúrgica de urgência se for impossível pelo exame clínico diferenciá-lo de hérnia encarcerada.

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As informações aqui contidas são exclusivamente para orientação inicial de pais e pacientes, baseando-se nas perguntas mais frequentes sobre doenças que podem necessitar de tratamento cirúrgico na infância.
NÃO SUBSTITUEM A CONSULTA MÉDICA . Consulte sempre um CIRURGIÃO PEDIÁTRICO para maiores informações.