Também chamado de distopia testicular ou testículo não descido.
O que é ?
É a ausência de testículo na bolsa escrotal.
A criptorquidia é comum ?
Ocorre em 0,5 % dos recém-nascidos a termo ( aqueles que não são prematuros ) e em 5,4 % nos prematuros. Sua distribuição acompanha a da hérnia inguinal, sendo 50 % a direita, 25% a esquerda e 25% bilaterais. Existe história familiar em 12 a 15 % casos.
Os testículos não descidos são uma doença familiar ?
– Existe uma anomalia genética multifatorial implicada, mas somente 12 a 15% dos pacientes tem história familiar.
– Filhos de pais com testículos não descidos tem 4% de possibilidade de terem a mesma doença.
– Gêmeos tem 10 % de possibilidade de terem a mesma doença.
Como ocorre a formação dos testículos ?
É em mecanismo complexo, não totalmente esclarecido e podemos tentar resumi-lo assim: entre a 7ª e a 8ª semanas de vida fetal (durante a gravidez) desenvolve-se a 1ª condensação de células do testículo, que crescem perto de onde serão os futuros rins do menino. Entre o 6º e o 8º mês de gestação o testículo desce em direção a bolsa escrotal, dirigido por um músculo e incentivado por hormônios, de tal modo que aproximadamente 70% das crianças prematuras (7 meses de gestação), e 95% das nascidas a termo, na época prevista (40 semanas de gestação) já tem seus testículos no escroto.
Por que o testículo não chega até a bolsa escrotal ?
Não está esclarecido.
Não é uma afecção uniforme. Devem ocorrer alterações endócrinas, genéticas, anatômicas ou mecânicas.
Qual a classificação anatômica da criptorquidia ?
Podem ser classificados de acordo com sua localização em :
– Testículo retido : o testículo está no canal inguinal (“virilha”).
– Testículo retrátil ou migratório : aqueles testículos que sob estímulos (frio, estresse, …) são tracionados para a região inguinal (virilha) por um músculo (cremaster) hiperativo, mas que voltam para a bolsa escrotal (saco) e permanecem lá ao serem aquecidos num banho de assento ou quando o médico os puxa suavemente para dentro da bolsa escrotal,. A grande maioria destes testículo posicionam-se definitivamente na bolsa escrotal quando o paciente atinge a adolescência, sem prejuízo de sua função.
– Testículo criptorquídico : o testículo está escondido (não palpável). Podem estar dentro da barriga (abdominal) ou no canal inguinal (“virilha”).
– Testículo ectópico : aqueles que durante a sua descida se desviam da rota principal do músculo que os direcionaria até a bolsa escrotal, e fixam-se na raiz da coxa, períneo, pênis, no outro lado da bolsa escrotal ou na região inguinal, mais superficiais.
– Anorquia : ausência do testículo. Acidente vascular intra-uterino ou perinatal é a causa mais comum da perda de testículo já formado, sendo conhecido como “vanished testis”. O outro testículo sendo normal, poderá assumir as funções de produzir hormônios e espermatozóides, permitindo a masculinização e fertilidade.
O que pode acontecer com o testículo que fica fora da bolsa escrotal (“saquinho”) ?
Para seu perfeito desenvolvimento o testículo necessita de uma temperatura 3°C a 4°C inferior ao do corpo humano, o que ocorre na bolsa escrotal. Portanto se o testículo não descer espontaneamente, ou não for colocado cirurgicamente no escroto até os 2 anos de idade ele começa a sofrer as conseqüências desta temperatura mais alta e não vai se desenvolver normalmente, podendo ser causa de:
– Infertilidade : pode ocorrer diminuição na formação do hormônio masculino (testosterona) e de espermatozóides.
– Maior tendência à transformação maligna : aumento de 3,8 a 10% na possibilidade de câncer do testículo, após os 30 anos de vida.
– Maior suscetibilidade à torção de testículo.
– Maior suscetibilidade ao trauma testicular.
– Problemas psicológicos : prejuízo na imagem corporal. A anomalia na genitália provoca, além de problemas escolares, uma grande ansiedade da família no que diz respeito à infertilidade futura.
Existe tratamento clínico para os testículos não descidos ?
– O uso de massagens e/ou exercícios não resolvem e podem complicar o caso.
– O uso de hormônios pode ser útil em alguns casos selecionados e sob cuidadosa orientação médica.
Tratamento cirúrgico
O tratamento dos testículos não descidos tem sido periodicamente revisto, tanto na técnica cirúrgica e via de acesso quanto na avaliação da melhor idade para realizá-lo.
Idade
Atualmente tem se recomendado CIRURGIA A PARTIR DOS 6 MESES DE IDADE E PREFERENCIALMENTE ANTES DE 1 ANO DE VIDA !
Quanto mais jovem o paciente, maior proteção para o testículo.
Cirurgia
A cirurgia denomina-se orquidopexia e consiste na colocação e fixação do testículo no interior da bolsa testicular.
O tratamento cirúrgico previne a degeneração do testículo causado pela alta temperatura, já que a temperatura no escroto é 3°C a 4°C menor do que a intra-abdominal. Pode ser utilizada a via inguinal – cirurgia é feita através de uma incisão na virilha (assim como a da hérnia inguinal, porém a incisão é um pouco maior) ou a via laparoscópica, em alguns casos (a laparoscopia serve tanto para o diagnóstico, quanto para o tratamento de testículos não descidos). É realizado ainda uma incisão na região escrotal, para a fixação do testículo.
Quais são as complicações da cirurgia ?
As complicações ocorrem em 5 % dos casos e as mais frequentes são :
– Insucesso em levar o testículo para o escroto;
– Atrofia testicular;
– Retração testicular;
– Obstrução do ducto deferente;
– Hemorragia;
– Infecção da ferida operatória;
As informações aqui contidas são exclusivamente para orientação inicial de pais e pacientes, baseando-se nas perguntas mais frequentes sobre doenças que podem necessitar de tratamento cirúrgico na infância.
NÃO SUBSTITUEM A CONSULTA MÉDICA . Consulte sempre um CIRURGIÃO PEDIÁTRICO para maiores informações.